O MOTIM DAS MULHERES (1875-1876)
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FOTO/ REPRODUÇÃO GOOGLE |
O motim das mulheres foi um nome dado ao primeiro movimento
preponderante e coletivo das mulheres na História do Brasil.
Nesta época, o recrutamento militar era considerado uma tortura, usado pelos
governantes contra os adversários políticos e aqueles aos quais não tinham
proteção de um poderoso. O motim começou quando o recrutamento foi colocado em
Mossoró, na província do Rio Grande do Norte. Cerca de 300 mulheres saíram
pelas ruas destruindo editais dentro das igrejas onde foram fixados os mesmos.
Vale lembrar que, neste contexto histórico, havia muitas crises sociais no
Nordeste, ainda mais nas camadas mais pobres da sociedade.
Em 1874 foi feita a lei 2556, que criava juntas de alistamento militar,
formadas por um juiz de paz e por um pároco das cidades. Tal lei tornava
obrigatório o serviço militar para homens de 19 a 30 anos de idade, sendo
solteiro ou casado. Depois de alistados, os homens concorreriam em uma espécie
de sorteio para saber em qual força ele iria servir: Exército ou Marinha. Obs.:
nesta época, ainda não existia a Força Aérea Brasileira, sendo fundada em 20 de
Janeiro de 1941.
A lei 2556 possuía, em seu corpo, artigos que já eram identificados tratamentos
diferenciados. Para ganhar dispensa do serviço militar, era necessário pagar
uma quantia em dinheiro. Quem possuía terras ou uma graduação elevada, estaria
dispensado do serviço militar automaticamente, todavia, é importante observar
que, neste período, quem tinha uma graduação elevada era cidadão da classe
alta.
As juntas militares eram feitas dentro de igrejas, por isso,
o distúrbio teve como alvo as igrejas. Neste percalço é que entram as mulheres,
não querendo que seus filhos e maridos fossem alistados e obrigados a servir em
uma instituição onde levaria seus maridos e filhos para longe e sem
contato.
E assim ocorreu o primeiro manifesto das mulheres
brasileiras. A reivindicação não conseguiu êxito, a legislação continuou em
vigor, o estado agiu contra o motim de forma violenta, obrigando-as a
dissiparem-se. Vemos que, mesmo vivendo em uma sociedade patriarcal – algo
enraizado na nossa História –, as mulheres foram às ruas, dando início à primeira
manifestação histórica que envolvia mulheres.
Hoje, passamos por um fato histórico no nosso país: A participação das mulheres
diante das eleições pode decidir quem irá governar nosso país. A força das
mulheres foi mostrada recentemente em uma luta contra palavras misóginas
dirigidas a elas. Lutaram tanto pelo sufrágio e agora elas decidem as eleições
desse ano, um fato histórico o qual será decisivo na nossa política e no futuro
do Brasil, mostrando que as mulheres são maioria e que, assim como em 1875,
elas irão decidir algo que somente era falado em rodas de homens. Em 1875, as
mulheres deram início, e hoje elas entram no jogo político com voz decisiva!
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